Tuesday, September 27, 2005

Os Dois Espíritos de Senjo


Contos Zen são contos Budistas contados para haver um maior entendeimento sobre as coisas do mundo, sobre forma de agir, pensar, sentir amar da maneira mais simples e grandiosa possível.....segue abaixo um conto de como a nossa força no amor pode romper barreiras, muitas delas entre céu e a terra....

Uma família da China do século XI tinha uma filha única, encantadora, Senjo. O pai, Chyo-Kan, de uma feita prometera a seu sobrinho Wanchu, diante do perfeito entendimento que unia os dois adolescentes desde a mais tenra infância, deixá-lo casar com sua filha assim que ele tivesse idade para tanto.
Mas o governador da província descobriu a beleza peregrina que se escondia naquela aldeia e pediu-lhe a mão ao pai, o qual, todo envaidecido, esqueceu a promessa de outrora.
Acabrunhados pela tristeza, os dois namorados não sabiam o que fazer. E Wanchu, todo roído de aflição, decidiu afastar-se daquele lugar de desgraça.
Uma noite, pegou o barco de pesca e deixou-o derivar ao longo da corrente do rio.
Por volta da meia-noite, à claridade do plenilúnio, divisa na margem uma sombra que corre. Um fantasma? Não, a sombra o chama, ele reconhece a voz, aproxima-se: era ela, Senjo.
- Quero seguir-te - declara a moça.
Instalam-se numa cidade a jusante. Cinco anos se escoam, Senjo dá à luz duas crianças. Wanchu, que tinha as mãos habilidosas, não encontra dificuldade para arranjar trabalho.
Um dia, porém, ela lhe diz:
- Meus pobres pais devem estar muito preocupados comigo. O tempo passou. Vamos visitá-los.
Assim fizeram. Chegados à aldeia, Wanchu, primeiro, dirige-se sozinho à casa da família para evitar uma surpresa total. Para seu grande espanto, os pais o receberam com gritos de alegria e lhe anunciaram:
- Desde que partiste, nossa filha não se levanta da cama, inconsciente, muda, imóvel. Vais salvá-la.Wanchu, porém não compreendendo, responde-lhes:
- Não é possível! Vossa filha está lá fora com as duas crianças nascidas da nossa união.
Vão todos para o quarto. A jovem mulher de tez pálida desperta e sorri. Wanchu, estupefato, precipita-se para fora da casa à procura de Senjo.
Quando regressam, encontram os pais com a filha no limiar: dir-se-iam duas irmãs gêmeas que se defrontam e ... brutalemte desaparecem uma na outra para formar apenas uma pessoa: a mulher de Wanchu, a filha de Chyo-Kan.
Diz, então, o pai:
- Só o espírito de minha filha te seguiu, andaste acompanhado de um fantasma.
Senjo:
- Não, o fantasma ficou aqui. Fugi para acompanhá-lo e meus dois filhos testificam a verdade do meu corpo.
Quem está falando a verdade?
O famoso conto referido no Mumonam transfez-se num célebre koan : em nossa vida cotidiana estamos freqüentemente em estado de dupla personalidade, a que sonha e a que é realmente.
Qual é o verdadeiro "eu"?
Existem um espírito e um corpo separados?
O céu e a terra têm a mesma raiz e são um mesmo corpo, sem limites, infinito, eterno em todas as existências.

".....Ela acreditava em anjos, e porque acreditava, eles existiam..." (Clarice Lispector)

Friday, September 09, 2005

O desejo de ser forte!!!!!!


Eis uma historinha....muito linda mesmo....de como nossos valores e de como podemos ser mais fortes que nós mesmos......leiam e reflitam....!!!!!!!!!!!!

Há muitos anos, vivia na China um jovem chamado Mogo, que ganhava oseu sustento quebrando pedras. Embora são e forte, o rapaz não estava contente com seu destino e queixava-se noite e dia. Tanto blasfemou contra Deus, que seu anjo da guarda terminou aparecendo.


- Você tem saúde e uma vida pela frente, disse o anjo.Todos os jovens começam fazendo algo como você. Por que vive reclamando?
- Deus foi injusto comigo e não me deu oportunidade de crescer, respondeu Mogo.

Preocupado, o anjo foi à presença do Senhor, pedindo ajuda para que seu protegido não terminasse perdendo sua alma.

- Seja feita a tua vontade, disse o Senhor.Tudo que Mogo quiser, lhe será concedido.

No dia seguinte, Mogo quebrava pedras quando viu passar uma carruagem levando um nobre coberto de jóias. Passando as mãos pelo rosto suado e sujo, Mogo disse com amargura:

- Porque não posso ser nobre também? Este é o meu destino!.
- Sê-lo-ás, murmurou seu anjo, com imensa alegria.

E o Mogo transformou-se no dono de um palácio suntuoso, muitas terras, cercado de servidores e cavalos. Costumava sair todos os dias com seu impressionante cortejo e gostava de ver seus antigos companheiros alinhados à beira da rua, olhando-o com respeito. Numa destas tardes, o calor estava insuportável. Mesmo debaixo de seu guarda-sol dourado, Mogo transpirava como no tempo em que lascava pedras. Deu-se então conta de que não era tão importante assim: acima dele havia príncipes, imperadores e, ainda mais alto que esses, estava o Sol, que não obedecia a ninguém - pois era o verdadeiro rei.

- Ah, anjo meu! Por que não posso ser o Sol? Este deve ser meu destino!, lamentou-se Mogo.
- Pois sê-lo-ás, exclamou o anjo, escondendo sua tristeza diante de tanta ambição.

E Mogo foi Sol, como era seu destino. Enquanto brilhava no céu, admirado com seu gigantesco poder de amadurecer as colheitas, ou queimá-las a seu bel-prazer, um ponto negro começou a avançar ao seu encontro. A mancha escura foi crescendo - Mogo reparou que era uma nuvem estendendo-se à sua volta e fazendo com que não mais pudesse ver a Terra.

- Anjo!, gritou Mogo, a nuvem é mais forte que o Sol! Meu destino é ser nuvem!.
- Sê-lo-ás!, respondeu o anjo.

Mogo foi transformado em nuvem e achou que havia realizado o seu sonho:- Sou poderoso!, gritava escurecendo o Sol. Sou incrível!, trovejava perseguindo as ondas.Mas, na costa deserta do oceano erguia-se uma imensa rocha de granito, tão velha como o mundo. Mogo achou que a rocha o desafiava e desencadeou uma tempestade que o mundo nunca antes vira. As ondas, enormes e furiosas, golpeavam a rocha, tentando arrancá-la do solo e atirá-la no fundo do mar. Mas, firme e impassível, a rocha continuava no seu lugar.

- Anjo!, soluçava Mogo, a rocha é mais forte do que a nuvem! Meu destino é ser uma rocha!.

E Mogo transformou-se numa rocha: -Quem poderá vencer-me agora?, perguntava a si mesmo.Sou o mais poderoso do mundo!E assim se passaram vários anos, até que, certa manhã, Mogo sentiu uma lancetada aguda em suas entranhas de pedra, seguida de uma dor profunda, como se uma parte de seu corpo de granito estivesse sendo dilacerada. Logo ouviu golpes surdos, insistentes, e novamente a dor gigantesca. Louco de espanto gritou:

- Anjo, alguém está querendo me matar! Ele tem mais poder que eu, eu quero ser como ele!.
-E sê-lo-ás, exclamou o anjo chorando.

E foi assim que Mogo voltou a lascar pedras.......

(Não tente ser o que você não é.....viva sua vida por si só....ame, beije, sinta a sua vida por si só!!!!!!!!!!)